sábado, 27 de agosto de 2016

E Vamos Passando...

E Vamos Passando...

Em espantosa surpresa
Nos damos conta
De que já estamos quase
No meio do ano!

E dizemos instintivamente
Com uma sombria resignação:
"Nossa como o Tempo
Passa tão rápido!"

Mas lá no fundo,
Sabemos melancolicamente
Que esse inevitável algoz
O Tempo

Sempre esteve parado.
E quem passa rápido 
pela etérea vida
Somos nós!...

Luís Roder )

Ausência

Ausência

Todos em volta
Relembram, entre risos
E muitas lágrimas,
Todas as suas histórias
A preencherem a sala
E tornarem a sua ausência
Ainda mais gritante...

E aquele invólucro
Que um dia prendia
A chama a mover
Toda essa mitologia particular,
Agora em ensurdecedor silêncio, 
Cede lugar à inércia coletiva
Da constatação inevitável:

De que um dia
Tudo o que restará 
De todos nós,
Sem nenhuma exceção,
Será um monte de lendas
Cujo tendencioso narrador 
É a impiedosa saudade...

Luís Roder )

Timing

Timing

Nessa insensata correria,
A qual demos o nome de vida,
A constatação inevitável
De um conhecido clichê
Se torna essencial
Na elaboração de tudo o mais...

"Na hora certa, no lugar certo."

Pois não basta querermos 
As mesmas coisas
Se elas não se alinharem
No tempo espaço
Da falta de tempo
Desse louco cotidiano
Sem espaço para nada!

Luís Roder )

Rindo De Volta

Rindo De Volta

Tudo o que sabemos
É que essa tragicomédia
Criada por nós seres
Megalomaniacamente egocêntricos
E autointitulados humanos
Se desenrola num palco muito maior
Do aqueles limitados limites
Da nossa comiserante imaginação
Não alcança
Pois essa vida é uma piada,
Muitas vezes tão sem graça,
Em uma pegadinha cósmica
Sem ninguém, além de nós,
Prestando atenção
Ou a levando a sério
E por isso mesmo
É que devemos rir dela de volta
E a curtirmos intensamente
Como se não houvesse amanhã!...

Luís Roder )

A Velhice É Um Conjunto de Ironias...

A Velhice É Um Conjunto de Ironias...

Ah a velhice...
E seu cruel conjunto de ironias:
É estar pronto 
Para finalmente compreender
Tudo aquilo 
Cujo doce sabor
Você não poderá mais desfrutar...

Luís Roder )

Entre A Aspiração & A Expiração

Entre A Aspiração & A Expiração

Entre a primeira aspiração
Com os nossos pulmões ardendo
Ao sorvermos o sopro inicial
De uma vida a prometer
Inúmeras possibilidades
De sermos o que quisermos
Buscando uma felicidade
A justificar uma tênue e fugaz
Existência irreal...

E terminarmos com a última
E derradeira expiração
Em um cerrar de olhos final
De que tudo isso foi em vão,
Mas que, mesmo assim,
Valeu a pena ter tentado
Ir além do que nunca fomos
E nem um dia seremos...

Luís Roder )

E Realidade Se Contorce

E Realidade Se Contorce

Torcendo a realidade
Num plano imaginário
Em que o Universo cabe todo em si 
Em algo menor que um átomo.

E sua intermitente expansão
Das suas partículas imaginárias
A viajarem no tempo imaginário
Em um mundo fantástico
Que não existe fora da mente dos teóricos...

Onde uma matéria obscura
Dá forma e espaço ao inimaginável
E nos pergunta respondendo
Qual é o grande plano
Por detrás desta ostentação
De constante criação e destruição?

Luís Roder )