sábado, 21 de fevereiro de 2015

Redimensionando As Lembranças

Redimensionando As Lembranças

E às vezes damos de cara com o passado
Na forma de alguém em que nele ocupou
Um espaço desproporcional em nossa cabeça
E em surpresa percebemos
Que talvez ele não tenha sido
Tudo aquilo construído pela nossa suscetível mente.

E onde pensávamos ser ponto de exclamação,
Eram apenas reticências...
E o assustador ponto de interrogação,
Que por tanto tempo nos atormentou,
Era apenas um ponto final
De uma bela história 
Que não precisa ser esquecida.
Somente valorizada de acordo
Com a sua real dimensão.

Luís Roder )

Finalmente Em Casa

Finalmente Em Casa

Achamos um lugar,
Subindo e descendo escadas,
Onde as nossas histórias
Contadas pelos nossos pertences,

Agora em comunhão total,

Possam criar um forte
Para que as nossas consonantes almas
Continuem o intermitente processo
Do entendimento dos nossos corpos,

Agora sem hora para voltar,

Em que finalmente eles estejam juntos
No mesmo espaço físico
Dividindo a aventura da vida 
Porque seria impossível separá-los...

Agora que somos marido e mulher.

Luís Roder )

A Casa Dorme Feliz

A Casa Dorme Feliz

Os felinos dormem espalhados
Sejam eles de origem humana
Ou, inocentemente ,animal.
Cada um no seu canto favorito
O apartamento ouve apenas
Profundos suspiros dos sonhos
E a tarde abraça calmamente
O crepúsculo com suas promessas
De uma noite de surpresas
Na segurança das mesmas coisas de sempre
Em que a eternidade
Cabe apenas no agora
Na bela simplicidade 
Do que não demanda
Explicação nenhuma
De ser o que é!

Luís Roder )

Desperdício



Desperdício

Com tanto tempo e espaço no Universo...
Ainda me deparo com aqueles
Cheios de ceticismo a afirmar
Ser a vida exclusividade daqui da Terra
E que há um grande plano
Destinado a se desenrolar pateticamente
Aqui para um grupo limitado
De seres tão evoluídos
Que puseram fogo na própria casa
Depois de fecharem as portas da percepção
Para poderem vislumbrar uma tênue luz
Em meio às trevas da própria ignorância.

Luís Roder )

Apropriação

Apropriação

E depois de tanto caçar e procriar
Com uma boa reserva de alimento e pessoal
Foi que aquele ser insignificante
Se deu conta num determinado
momento
Que estava sozinho no comando de tudo
E por conta própria carregou pedras
Fez templos e criou deidades
Para aplacar aquela inexplicável angústia
E deixar a culpa nas costas da imaginação.

Mesmo gritando por alguém
Em uma caverna escura
Ouvindo o eco da própria voz
E tolamente fazendo de tudo 
Para acreditar ter alguém lá 
Como Narciso um dia encontrou,
Se encantou e sacrificou 
Para seu indiferente Deus.

Luís Roder )

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Pistas

Pistas

E continuamos todos em busca
De uma felicidade tão prometida
Desde que nascemos
E por ela marchamos por todos os lugares
Mas como cada um tem o seu próprio ideal
As pistas se confundem e os rumos tomados
Podem não ser os desejados
E muitas vezes nos frustramos
Por procuramos algo onde não há nada.
E eu sem me surpreender
Descobri que a minha tinha acabado
Ao ouvir a sua respiração plácida
Sonhando com cara de feliz
Deitada aqui ao meu lado.

Luís Roder )