quinta-feira, 23 de julho de 2015

Nada Me Interessa Mais...

Nada Me Interessa Mais...

É naquele momento em que se percebe
Sem nenhuma surpresa inabalável
Que nada me interessa mais
Tudo se torna o mesmo
Em um imenso emaranhado
Das mesmas coisas de ontem e hoje
A se repetirem continuamente amanhã
Chegando, ou melhor, não chegando
A lugar nenhum!

As grandes questões filosóficas
E o insolúveis enigmas metafísicos
São apenas mais um
Entre tantos pontos agora unidos
Pelo sagaz olhar da experiência
Revelando a sua verdadeira respota:
NADA!

E então com o olhar marejado
Sinto uma saudade boba
Dos tempos de criança
Onde o final da rua delimitava
O Grande Desconhecido
Repleto de vazias promessas
De um conhecimento inócuo

A mostrar toda a verdade
A cair por detrás das máscaras
Que nada mais faz realmente diferença,
Mas que pelo menos essa inútil busca
Tornou o caminho mais interessante.

Tentei procurar as coisas
Para poder falar sobre elas
E já não as encontro mais...
Talvez porque elas nunca existiram de verdade
Assim como eu,
Um dia,
Não existirei mais.

Luís Roder )

Entre O Ponto & A Vista

Entre O Ponto & A Vista

Nas múltiplas formas possíveis
De se analisar algo,
A grande questão posta
Se encontra em entender
Que um ponto isolado
Pode ser visto 
Em 360 ângulos
Totalmente diferentes
Sem deixar de ser 
O que é na sua essência.

Luís Roder )

A Verdade do Mundo

A Verdade do Mundo

A maior e verdadeiramente única descoberta
Já feita pela Humanidade
Sobre a verdade do mundo
É que tudo isso a nos rodear
Não passa de uma grande mentira!

Luís Roder )

Entre O Empírico & O Transcendental

Entre O Empírico & O Transcendental

Trilhando entre outros homens
O seu próprio caminho,
Tão igual a tantos outros,
Construímos nas relações cotidianas
Uma personagem empírica
A tentar seduzir seus pares
Em que a imagem criada
Por essa tentativa fugaz de existência
Perdure além da carne
Transcendendo o tempo
E os outros pares
De uma mente para outra...

Luís Roder )

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Narciso Digital

Narciso Digital

A evolução tem cobrado
Um preço curioso
Ao homus herectus,
Ora dito sapiens,
Pois agora voltamos a nos curvar
Em desapercebida reverência
Na ponta dos polegares,
Cujo domínio anterior
Nos trouxe até aqui,
Prostrados frente ao nosso paraíso digital
Onde somos o que desejarmos ser
Sem exatamente sermos algo de verdade
Debruçados extasiados pelo nosso reflexo
Feito de pixels e mentiras
Da vaidade de nossa insignificância.

Luís Roder )

O Mundo de Cada Um

O Mundo de Cada Um

O mundo sempre foi, é e será
Aquilo que o nosso desejo individual
Moldou de acordo com as suas vontades
Ou medos ou sonhos...

E essas multifaces se combinam
Num estranho e assustador caleidoscópio
De sensações, emoções e frustrações

Onde alegorias tomam formas
E mitos são criados
Para depois serem esquecidos
Como um brinquedo cuja graça 
Um dia esvaneceu no canto de um baú

Mas eles nunca são os mesmos
Já que cada mente pode criar
O que, como e onde quiser
E uma mentira banal de um
Pode ser a verdade absoluta do outro.

Luís Roder )

Entre O Dia & A Noite

Entre O Dia & A Noite

Entre o dia e a noite
Há apenas a vida
A se suceder incessantemente...
Onde o brilho de um
Torna as trevas do oposto
Uma realidade indiscutível
E ambos, em uma antagônica ciranda,
Existem justamente na mentira do outro.

Luís Roder )

Entre O Herói & O Vilão

Entre O Herói & O Vilão

Entre o herói e o vilão
Há apenas um ponto essencial
A ser observado:
O ponto de vista da narrativa.

Em que vencido e vencedor
Dependem apenas de um olhar
Entre executor e mártir,
Pois no final de tudo
Não haverá nem um
E nem outro!

Luís Roder )

domingo, 5 de julho de 2015

Os Resilientes

Os Resilientes

Os dias de hoje,
Meus irmãos de coletiva jornada
No individualismo do materialismo,
Nos fizeram olhar em volta,
Acima das nossas pilhas de inutilidades
Tão essenciais para nos escondermos
De nós mesmos,

E estão a testar a nossa vontade
De prevalecer em um mundo, 
Que tenta se livrar
Daqueles que tanto o perturbam,
Como um cão espantando suas pulgas.

Mas como inconscientemente
Sabemos não ter aonde ir
Continuamos aqui contra tudo 
E contra todos,
Inclusive nós mesmos.

Luís Roder )

Entre A Iluminação & O Desespero

Entre A Iluminação & O Desespero

E o homem vive
Procurando o seu ancestral
Para quando finalmente encontrar
A sua cauda há tanto perdida...
Poder alegremente viver
Entre a iluminação e o desespero!

Luís Roder )

Perdido Por Aí...

Perdido Por Aí...

Procuramos preencher desesperadamente
Esse vazio angustiante
De dar sentido a algo
Cujo entendimento parco
Nos torna arrogantes,
Por pensarmos saber muito,
E diametralmente tementes
A alguém cujo olhar
Se dispersou na vastidão do Universo...
Agora dormindo com um sorriso
No canto de alguma galáxia distante
Depois de seu primeiro e divino orgasmo
Há muito tempo atrás.

Luís Roder )

Dia Silencioso

Dia Silencioso

Acordamos juntos
Mas de um certo modo
Também separados
Onde a eloquência do silêncio
Grita tão alto
Que os nossos olhos
Tão cheios de histórias
Não ousam se cruzar...

Mas então duas mãos
Se tocam de leve
E entre dedos entrelaçados
Lembramos do motivo
Pelo qual escolhemos,
De livre e espontânea vontade,
Unirmos ruidosamente
As nossas intransferíveis solidões.

Luís Roder )

Vagando Em Um Mundo Material

Vagando Em Um Mundo Material

Como fantasmas conscientes
Da verdeira maldição
De ter uma mente curiosa
A nos fazer perguntar
Qual é o nosso papel
Nessa história sem começo
Mas de inevitável epílogo
Onde vagamos a esmo
Em um mundo material
Questionando tudo e além
Obtendo somente o silêncio
Por ser a única resposta
Que há além do tudo.

Luís Roder )

Futuro Do Pretérito

Futuro Do Pretérito

Tempo favorito daqueles
Cujo desejo de sonhar
É imensamente inverso
Ao ter que,um dia, acordar
Para poder torná-los realidade...

Luís Roder )

Antigamente...

Antigamente...

Quando começamos a usar,
Com uma certa frequência,
As expressões:
"No meu tempo..."
Ou "antigamente..."

É um claro sinal
De que o pretérito perfeito
Passa inevitavelmente
A ocupar o lugar do futuro
Na escrita do livro da vida
Cujo papel de protagonista
Cederá lugar ao de coadjuvante.

Luís Roder )

Enamorado

Enamorado

Em teus olhos me reencontrei
E fiz as pazes comigo
Descobrindo que a felicidade
Sempre esteve escondida 
Ao alcance dos teus lábios...

Luís Roder )