terça-feira, 8 de junho de 2021

Eco do Ego

 Eco do Ego


E há aqueles 

Sempre a pedirem 

Opiniões inúteis 

Cujas palavras 

Soam inaudíveis 

Aos surdos ouvidos 

Daqueles que só têm 

Um som ecoando,

Intensamente ,

Dentro de uma obsessiva cabeça...


Pois não adianta nada 

Falar com quem 

Só ouve a própria voz.


( Luís Roder )

Aphantasia

 Aphantasia 


Você fecha os olhos 

Se concentra profundamente ...

E as formas não se desenham 

E tudo o que você precisa projetar

Fica refém da mente consciente 

Que tanto engana seu piloto 

A levá-la por aí interpretando tudo

Ao seu bel prazer de ver

Somente aquilo visível apenas

Aos implacáveis olhos externos

Cuja verdade pode ser enganada

Por imagens restritas à realidade 

Onde as suas infinitas camadas subjetivas 

São soterradas ao raso da percepção...

É a cegueira dos olhos da mente.


( Luís Roder )

Maternidade

 Maternidade 


Uma mãe é estrela 

A carregar uma nova história 

Dentro da sua própria galáxia 

Cujos laços cortados 

Depois do primeiro choro 

De um Bing Bang pessoal 

Ecoarão em comunhão 

Por todo o Universo 

Até que um dia 

A poeira estelar 

Se amalgame novamente ...


( Luís Roder )

Universalismo Natural

 Universalismo Natural


Estamos vivos dentro do Universo,

Como células dentro do corpo,

Cumprindo o seu ciclo natural

E abandonados à própria sorte...


Tentando desesperadamente 

Dar sentido a este abandono .

Desejando , em vão, preencher 

Um imenso vazio existencial,


Justamente por termos descoberto 

Esta condição solitária nos ciclos, 

Neste trágico eterno retorno,

A se repetirem incessantemente... 


Onde não fomos a lugar nenhum ,

Procurando ansiosos por algo 

Que nunca sequer se perdeu 

Porque também nunca existiu. 


( Luís Roder )


Quebrando A Bolha

 Quebrando A Bolha 


Se você vive em uma bolha 

De uma parcial realidade 

Cuja o alcance só vai

Até onde seu limitado olhar

Conseguiu com dificuldade enxergar 

Um obscuro plano horizonte ...


Então é preciso estudar com afinco 

As suas delicadas estruturas 

E com uma ousada curiosidade 

Quebrar a confortável segurança 

Daquele casulo de conformidades 

E assentidas concordâncias ,


Onde queremos ouvir apenas 

O nosso eco em outras vozes

Em que a dissonância assusta

Por trazer um novo e discordante som 

Diferente de tudo o que já chegou 

Aos nossos mimados ouvidos. 


E, às vezes, é preciso desconstruir 

Para surgir uma bolha ainda maior 

A abrigar estas novas verdades, 

Variáveis e transitórias, 

Cuja inevitável acomodação 

Criarão uma nova falsa sensação 


De uma arrogante e inalcançável 

Verdade absoluta e imutável 

Em que a metamorfose final acontecerá 

Onde bolhas sucessivas estouradas

Nas pontas dos dedos infantis de uma curiosa inocência 

Deixarão de existir no céu de um jardim maior. 


( Luís Roder )