Libertar-se
A companhia da solidão
Causa a falsa impressão
De que as coisas não são
Como deveriam ser...
Nos imaginamos, e nos perdemos,
No "poderia ter sido..."
E as suas sedutoras promessas
Não cumpridas de grandeza
Onde a tentadora ideia
De todas essas possibilidades
Começa a sufocar o ego,
Agora preso e enterrado
Em um profundo buraco,
Escavado aos poucos,
Pela perigosa mente
A tentar inutilmente
Entender o que não tem explicação.
E quando percebemos,
Em dolorosa surpresa,
Caminhamos até um lugar estranho
Dentro de nós mesmos,
Assim acabamos nos perdendo
Do nosso caminho inicial
E tudo o que queremos
É que essa dor cesse de vez.
A fácil opção de fechar os olhos
Deixando o corpo ascender
No sentido contrário ao tomado pela vida,
Que só anda para frente
Entre seus altos e baixos...
Em que a dor e o júbilo
Se completam em paradoxo
Para que o dia complete a noite
E as belezas e desafios de ambos
Nos deem uma mentirosa esperança
De que tudo será diferente.
E ao abraçarmos calorosamente
A necessária depressão
Dessa inevitável constatação.
É que finalmente seremos livres
Para podermos sorrir de novo
Como um dia fizemos de modo pueril
E finalmente sermos felizes
Livres de expectativas inúteis.
( Luís Roder )
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