sábado, 29 de agosto de 2015

O Peso de Um Pecado

O Peso de Um Pecado

Um coração partido
Pela constante desconfiança
Manda estilhaços até a mente.
Entender essa dor latente 
Dos motivos de tanto tentar
Fazer o outro feliz
E inutilmente não ter êxito
Reside no peso de como uma ofensa
É medida na cabeça de cada um.

Luís Roder )

Um Gosto Pela Felicidade

Um Gosto Pela Felicidade

Não nego que tenho 
Um imenso gosto pela felicidade
E lido bem com uma melancolia 
Ora aqui,ora ali...

Justamente por ambas serem
Peso e medida uma
da outra
Na hora de compreendermos
O seus amplos significados...

Mas como todo tempero
É preciso ter parcimônia 
Na escolha da dose
De cada um.

Luís Roder )

Recomeço...

Recomeço...

Há uma cruel constatação
Sobre todo o sistema revolucionário:
Pois como o mesmo em suas lutas
Só conheceu a repressão
Ele não consegue empiricamente
Fazer com que a libertação
Seja verdadeiramente livre.

E os sistemas viciados
Pela antiga opressão
Só o farão repetir esquemas
Aprendidos com a tirania
Para garantir uma soberania
De uma ideia inócua,
Porque já ocorreu essa corrupção
Antes mesmo da revolução.

Sendo a única saída eficaz,
Para uma verdadeira reviravolta
Nos fatos apresentados,
A aniquilação total dessa sociedade,
Cheia de filosofia contraditória às suas ações,
Recomeçando tudo do zero...
Quem sabe agora com moluscos
Ou rochas no comando.

Luís Roder )

Salvação

Salvação

Todos querem alcançar
A iluminação da salvação,
Mas ninguém quer pagar
O preço da redenção.

Pois o mesmo exige resignação,
Que é guardar para si
O seu drama dramático
Sem dividi-lo em ostentação

De quanta sagrada iluminação
O milagre operou em seu coração
Na sua sagrada relação
Com aquele cujas escolhas

O levaram à perdição
Assumindo uma culpa
Que não pode ser de ninguém
Além de si mesmo.

Luís Roder )

Hora da Verdade

Hora da Verdade

E uma hora a brincadeira cansa
E a coisa fica séria demais
Para fazer de conta
Que nada está acontecendo
E temos que decidir
Se ficamos ou se vamos...

Pois não se pode esperar
O que não vai acontecer
Ou prometer inutilmente
O que não se pode cumprir.
E na solidão dividida a dois
Partimos em pedaços a confiança

Onde um sorriso nervoso
Grita ironicamente por socorro
E o coração angustiado
Tenta em vão buscar uma ajuda
De um afogado desesperado
Num copo d'água no meio do deserto...

Luís Roder )

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Legado Silencioso

Legado Silencioso

Muito tempo depois do epílogo
De uma era feita de pixels
Tudo o que restou 
Foram nossos ossos calcinados
Abraçados e expostos ao sol
Em uma pose eterna
Sem alteração de status,
Exceto o de toda humanidade,
Compartilhando a única verdade
Que não soubemos curtir:
O amor!
Incondicional e sem limites!
Dando uma lição silenciosa
Às futuras sondas alienígenas
Sobre como poderíamos ter feito
Tudo tão diferente do que fizemos...

Luís Roder )

Posando Para a Posteridade

Posando Para a Posteridade

Preparar a pose...
Apontar o bico,
Entortar o corpo
Em uma pose antinatural
E...
S E L F I E !!!!

Marcando para posteridade
Toda a necessidade existencial
Da humanidade que tenta,
Sem êxito algum,
Preencher o seu vazio sem fim...

Luís Roder )

Em Paz...

Em Paz...

Não importa estar em paz
Se ela não estiver em companhia
Da expectativa criada em torno
Do que ela construí nas escolhas
De livre e espontânea vontade.

Pois o copo d'água sem lavar
Em cima da pia grita mais alto
Do que toda a limpeza da cozinha!

Luís Roder )

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Era Digital

Era Digital

Período da história da Humanidade
Marcado pelo apogeu da sua evolução
Fartamente documentada com selfies
Depoimentos e declarações sobre a mesma
Cuja falsidade não poderá ser aferida
Por falta de testemunhas do seu melancólico final
Aprisionadas no seu egoísmo narcisista.

Luís Roder )

Inexistência

Inexistência

A existência de algo,
Tão frágil e fugaz,
Depende do reconhecimento
De alguém que a dê crédito
E com isso a torne real...

Assim como aconteceu,
Um dia ou por eras,
Com os fantasmas, deuses,
Demônios, alienígenas
E a humanidade.

Todos alimentados pela fantasia
De que um dia isso tudo
Possa fazer alguma diferença
Numa história sem começo certo
E de inevitável epílogo.

Luís Roder )

Desencontro Intencional

Desencontro Intencional

Encontrei-me com um velho conhecido
E nesse antiga relação ainda insistimos
Em mentir um para o outro
E às vezes acreditar na mentira alheia
Quem sabe para não nos sentirmos sozinhos,
Mesmo nos conhecendo tão bem!...

Rimos e piscamos um para o outro,
Trocamos caretas e nos despedimos
Sabendo inconscientemente
Que deixamos para trás naquele espelho
A única pessoa que poder responder
A tudo que queremos saber...
E nunca temos coragem de perguntar.

Luís Roder )

Simplicidade

Simplicidade

Rodei tanto por aí
Procurando encontrar uma paz
Que só na simplicidade 
De um abraço repleto 
De uma cumplicidade
Onde duas mentes em sintonia
Riem e se encantam uma com a outra
Por saberem desde sempre
Que a verdadeira felicidade
Reside nas coisas mais simples
Vividas a dois corações
E um grande sofá.

Luís Roder )

Liberdade

Liberdade

Ninguém é livre de verdade.
Cortamos o cordão umbilical
Mas vamos diretamente para os braços
De uma mãe cuja a intenção
É ser nossa detentora
E dividir conosco a dureza de viver.

Precisamos ter um laço
Ou uma rédea...
Alguém...
Nem um ermitão pode
Se dizer independente.

A vida cobra seus dividendos.
A terra nos quer de volta.
E se libertar só fará sentido
Se houver cercas ou grilhões,
Mesmo que imaginários...

A nos oferecem a felicidade
E a angústia de sermos um coletivo
De seres individualistas
Precisando do olhar e atenção do outro 
Para que a sua solitária liberdade
Se sinta mentirosamente real.

Luís Roder )

domingo, 2 de agosto de 2015

Desvendando O Mundo

Desvendando O Mundo

Tudo o que queremos
Ao nosso redor
É descobrir os segredos
Que não existem
E por isso tão desejados
Justamente pela sua intangibilidade...
O mundo que pertence a todos
Aquele em que todos podem tocar
É comum, mesmo tão peculiar,
E cabe à nossa fértil mente
Preenchê-lo de todas as formas
De fantasias e sonhos
Habitando-o com o que não há
E nos seres fantásticos
Espelhando o que não assumimos
Em nós mesmos
Criando fadas, anjos e demônios
Tão bem esculpidos no imaginário
Agindo como mundanos seres indulgentes
Cheios de patético egoísmo
E angustiante comiseração.

Luís Roder )

Deixando Saudade...

Deixando Saudade...

Hoje uma doce voz silenciou
Levando toda a sua alegria e bondade
Deixando além dos seus próprios filhos
Vários outros órfãos cujo carisma
Os adotou sem pedir
E o seu único ato a nos machucar
É essa dor cheia de saudade
Em todos privilegiados por tê-la
Para sempre em nossas vidas.

Luís Roder )

Entre A Forma & O Conteúdo

Entre A Forma & O Conteúdo

Uma batalha desigual
Se desenlaça feroz e silenciosamente
Entre a forma e o conteúdo
Na busca de um ideal
Em que ambas querem a mesma coisa
Desdenhando e escarnecendo da outra
Sem terem coragem de assumir 
Serem o côncavo e convexo
De uma perfeição quase inatingível!

Luís Roder )

Desvendando O Tempo

Desvendando O Tempo

Qual o verdadeiro tempo a existir?
O Passado com seu suspeito arquivo de lembranças?
O Futuro e suas fugazes promessas incompletas?
Ou o Presente nas suas relativas realidades?

Ah meu caro...
Nenhum deles!
O único tempo a escorrer na ampulheta 
Entalhada na carne dos nossos corpos
É o Agora!

Ele passou célere enquanto
Você lia essas palavras perdidas 
E então você me amaldiçoa
Por tê-lo feito perder
Algo que nunca foi seu...

Pois o que não existe
Não pode ser de ninguém.
Exceto os deuses...
Com as suas promessas de eternidade...

Elaboradas pelas mentes
Daqueles a insistirem
Em guardar o passado
Para pensarem viver o presente
E poderem garantir um futuro
Que nunca existirá.

Luís Roder )

Entre O Eu-Eu & O Eu-Ele

Entre O Eu-Eu & O Eu-Ele

Há dois seres em que desvelamos
O nosso drama existencial
Na cômica tragédia da vida.

Essas personas vivem
O mesmo papel nos espectadores,
A nós também coadjuvantes
Assim como o somos a eles,

Onde temos de nos dividir
Entre quem sabemos ser
E quem desejamos 
Que os outros vejam
E, talvez, acreditem sermos.

Luís Roder )

( In ) Finito ...

( In ) Finito ...

O Universo contraído num grão
Se expandiu espalhando o brilho
Num tapete de trevas de matéria
E tudo isso evoluiu em um ciclo
Onde a destruição de um
Era a gênese do outro...

E aqui nós seres onipotentes,
Como grãos que somos,
Acreditamos ser o centro de tudo
Sem percebermos apenas o débil 
Aglomerado de poeira estelar
Do qual tomamos formas
Para em breve serem desfeitas
E continuarem a se rearranjar
No infinito e além....

Luís Roder )