Biofilia
Maaaaaaano!...
O mesmo ser que disse:
"Amai-vos uns aos outros... "
Também construiu campos ,
Alguns de diversas flores
E outros bem específicos
Feitos de escravizados humanos ,
Com suas diferenças tão tênues
Vistas de tão longe no Universo
Mas tão gritantes a eles
Sob o implacável microscópio
Do árduo convívio existencial .
Dividiu e cercou outros iguais
Ao julgar seus detalhes
Tão diferentes e insuportáveis
Em seus duvidosos critérios
De separação e compartimentabilização
De igualdade frente ao Sol.
E assim continuou em frente
A sua marcha triunfante
Sem ao certo saber aonde ir
Poluindo os mares e as terras,
Consumindo tudo sem medir
As inevitáveis consequências
Das suas duvidosas escolhas.
Olhou para o céu desejando as estrelas
E mandou os seus pares
A caminharem na solidão da Lua.
O seu egoísmo narcisista
Cria da arte à guerra,
Transtornando e moldando
Transformando e emoldurando,
Incessantemente,
Um retrato final irreconhecível
Que um dia será tomado ,
Em silenciosa vingança ,
Por plantas e seres remanescentes
Cuja resiliente vitória
À destrutiva trajetória
Em busca de uma consciência
De uma cega ratificação
Que só podia ser validada
Na surdez do outro narcisista ator,
O qual sequer olhava de verdade
De volta ao ambíguo semelhante...
E perdidos egocêntricos umbigos
Rodeados de tralhas inúteis
Criadas para dar sentido a um vazio
Impossível de ser preenchido ,
Justamente por não existir nada
Além da sua débil mente curiosa...
( Luís Roder )