A Arte
de Contar Histórias
A
arte de contar histórias traz em si responder à necessidade primária dos ser
humano de perpetuar a sua existência e repassar os seus conhecimentos às
gerações posteriores.
Isso
vem sendo feito desde os primeiros pictogramas das cavernas dos nossos
ancestrais na busca em deixar registrado as suas lutas cotidianas e alertar as
futuras gerações de como deveriam proceder ante aos perigos a serem
enfrentados.
Com
o desenvolvimento da oralidade e com o tempo restante que começava a sobrar,
com os parcos confortos alcançados pelas descobertas dos homens, surge também
outro objetivo: explicar os fenômenos que os cercavam como o amanhecer, a morte
e todos os sortilégios que a natureza e o mundo fenomenológico mantinham
ocultos aos seus curiosos olhos.
Essas
histórias passam a ficar cada vez mais elaboradas e também fantasiosas, mesmo
trazendo em si verdades absolutas de determinadas épocas, até que outra
descoberta as desmentisse e pudesse gerar uma nova versão das mesmas.
E
esse fenômeno vai acontecer em todos os lugares do mundo, se desenvolvendo de
acordo com especificidades regionais, mas mantendo um traço em comum: contar e
registrar a história de um grupo e repassar conhecimentos de suas regiões.
Lembrando
que esses conhecimentos específicos têm relação direta com o seu dia a dia e a
região em que moram, onde em lugares tropicais a selva e as chuvas terão
destaque e lugares áridos a sobrevivência e a necessidade de preservar alimentos
e água, ou em locais em que o gelo e as épocas de se preparar para as
temporadas de nevasca por exemplo.
Além
disso, elas trarão as grandes questões da vida como o nascimento, a morte, os
rituais reproduzidos por cada grupo e seus respectivos significados e
simbolismos. Também repassarão conceitos de comportamento e conduta, seja com
bons exemplos dos seus protagonistas ou “morais” reportadas e penalizadas por
seus antagonistas.
Com
o advento da imprensa e as trocas comerciais entre regiões diferentes, esse
processo se difundirá de tal modo que surgirão as fusões entre as diversas
histórias contadas no mundo e a sua interação, além da descoberta das
semelhanças de comportamento, assim como a surpresa das diferenças em ver as
mesmas coisas observadas em regiões e culturas diferentes.
Mas
acima de tudo, nada é mais intenso e prazeroso do que ouvir uma boa história
contada com gestos largos, expressões exageradas e várias vozes diferentes a
encantarem mentes ávidas por verem a magia do mundo que nos rodeia, para num
futuro o descobrirem como ele é e novamente o travestirem de fadas, princesas,
sacis, montanhas encantadas e vários outros seres ainda a serem criados pela
imaginação humana na sua tentativa de amenizar a dureza de viver e tentar
entender esse processo.
(
Luis Antônio Roder )