sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A Arte de Contar Histórias

A Arte de Contar Histórias

A arte de contar histórias traz em si responder à necessidade primária dos ser humano de perpetuar a sua existência e repassar os seus conhecimentos às gerações posteriores.
Isso vem sendo feito desde os primeiros pictogramas das cavernas dos nossos ancestrais na busca em deixar registrado as suas lutas cotidianas e alertar as futuras gerações de como deveriam proceder ante aos perigos a serem enfrentados.
Com o desenvolvimento da oralidade e com o tempo restante que começava a sobrar, com os parcos confortos alcançados pelas descobertas dos homens, surge também outro objetivo: explicar os fenômenos que os cercavam como o amanhecer, a morte e todos os sortilégios que a natureza e o mundo fenomenológico mantinham ocultos aos seus curiosos olhos.
Essas histórias passam a ficar cada vez mais elaboradas e também fantasiosas, mesmo trazendo em si verdades absolutas de determinadas épocas, até que outra descoberta as desmentisse e pudesse gerar uma nova versão das mesmas.
E esse fenômeno vai acontecer em todos os lugares do mundo, se desenvolvendo de acordo com especificidades regionais, mas mantendo um traço em comum: contar e registrar a história de um grupo e repassar conhecimentos de suas regiões.
Lembrando que esses conhecimentos específicos têm relação direta com o seu dia a dia e a região em que moram, onde em lugares tropicais a selva e as chuvas terão destaque e lugares áridos a sobrevivência e a necessidade de preservar alimentos e água, ou em locais em que o gelo e as épocas de se preparar para as temporadas de nevasca por exemplo.
Além disso, elas trarão as grandes questões da vida como o nascimento, a morte, os rituais reproduzidos por cada grupo e seus respectivos significados e simbolismos. Também repassarão conceitos de comportamento e conduta, seja com bons exemplos dos seus protagonistas ou “morais” reportadas e penalizadas por seus antagonistas.
Com o advento da imprensa e as trocas comerciais entre regiões diferentes, esse processo se difundirá de tal modo que surgirão as fusões entre as diversas histórias contadas no mundo e a sua interação, além da descoberta das semelhanças de comportamento, assim como a surpresa das diferenças em ver as mesmas coisas observadas em regiões e culturas diferentes.
Mas acima de tudo, nada é mais intenso e prazeroso do que ouvir uma boa história contada com gestos largos, expressões exageradas e várias vozes diferentes a encantarem mentes ávidas por verem a magia do mundo que nos rodeia, para num futuro o descobrirem como ele é e novamente o travestirem de fadas, princesas, sacis, montanhas encantadas e vários outros seres ainda a serem criados pela imaginação humana na sua tentativa de amenizar a dureza de viver e tentar entender esse processo.


( Luis Antônio Roder )

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