sábado, 9 de maio de 2020

Quarentena

Quarentena 

Da sala para o quarto,
Na cozinha a geladeira ilumina 
O entediado rosto 
De quem continua a fazer
A mesma pergunta 
E a resposta continua a mesma .

Os felinos já se acostumaram ,
A nova rotina pede tenacidade 
Em fazer o que é melhor a todos 
Com cada um no seu lugar. 
Mas as notícias não animam.

A Rainha Infantil não ajuda, 
Nadando na contramão 
De um mundo isolado 
Da sociedade de janelas 
E portas fechadas .

As horas passam 
Sendo sempre as mesmas, 
Os números aumentam ...
Uma ascendente vertiginosa 
Conta uma história assustadora.

Aqueles que precisam sair 
E lutar pelos outros 
Detrás de máscaras ,
Às vezes contra a ignorância, 
Cujo o anonimato 
Engrandece a obra 
De heróis em uma guerra cruel 

Em que cada vítima ofegante 
Não tem sequer direito 
À cerimônia do adeus 
E em feridas abertas 
Na Terra fria e atônita 
Somos finalmente iguais 

A negarem o óbvio 
E aceitarem o inevitável 
Onde os dígitos diários 
Nos embrutecem e atônitos 
Nos conformamos com quatro casas

E é em casa, cada um na sua,
Em resiliente luta inerte ,
Onde será possível ajudar
Aqueles cuja única opção 
É enfrentar o que não podemos ver
Mas nunca mais poderemos esquecer. 

Luís Roder )

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